Educação Integral: Transformando a visão tradicional da educação

Mais do que um conceito, a EDUCAÇÃO INTEGRAL é um modo de pensar o mundo e as relações interpessoais. Educação é muito mais do que o que acontece na escola. “Integral” refere-se não só à necessidade de enxergar o indivíduo em sua inteireza, mas também à importância de integrar a educação a tudo o que ocorre no entorno daquele que é educado. A educação deve garantir o desenvolvimento dos sujeitos em todas as suas dimensões e se constituir como projeto coletivo, compartilhado por crianças, jovens, famílias, educadores, gestores e comunidades locais.

A concepção de educação integral apoia-se em cinco eixos principais:

 

  • Centralidade do estudante: O currículo, as atividades e os locais de aprendizado devem ser construídos a partir das demandas do estudante. Cada um deles é único e capaz de trazer transformações importantes. E o protagonismo deve fazer parte de sua jornada educativa. Para isso, os educadores precisam conhecer as múltiplas formas pelas quais os indivíduos aprendem e se desenvolvem, além de aplicar diferentes métodos para corresponder às necessidades e expectativas de cada um;
  • Aprendizagem permanente: A multidimensionalidade do sujeito norteia a sua educação. Todos estamos em constante e ininterrupta formação. O conteúdo acadêmico deve ser integrado aos saberes dos estudantes e suas comunidades. É preciso buscar estratégias que não garantam apenas o desenvolvimento intelectual, mas também o social, físico, emocional e cultural. Portanto, os conteúdos acadêmicos devem contemplar práticas educativas que possibilitem a compreensão do corpo, das emoções, das relações e códigos socioculturais;
  • Inclusão: Deve haver respeito a todas as diferenças, integrando-as no modo de pensar a prática educativa. São consideradas as origens sociais, culturais, raciais, o gênero, credo, a localização geográfica e muitos outros aspectos, nessa perspectiva inclusiva. Os processos educativos devem compor espaços de inclusão e preservar a diversidade como um valor;
  • Gestão democrática: Crianças e jovens devem participar do planejamento. O Projeto Político Pedagógico de cada unidade de ensino deve ser construído e acompanhado com a participação ativa de alunos, educadores, famílias e de toda a comunidade;
  • Territorialidade: Aprendemos com aquilo que vivemos – coisas boas e ruins. O lugar onde vivemos, nossa rua, nosso bairro, nossa escola, nossa cidade e nosso país são espaços que expressam a identidade daqueles que o habitam. Por isso, é importante aproveitar todo esse potencial na hora de construir o projeto pedagógico.

Na educação integral, o aluno é SUJEITO da aprendizagem, não objeto. Trata-se de uma educação contextualizada, que busca a integração entre o que se aprende e o que se pratica. Outro princípio da educação integral é a ampliação do tempo de permanência nas escolas, já que os processos educativos devem articular diferentes tempos e espaços para garantir a diversificação de interações. Quanto mais diversificadas forem essas relações, mais cheio de possibilidades será o universo social e cultural dos alunos. 

A educação integral também considera pertinente a construção de uma ambiência para aumentar a participação, o diálogo, a troca e a criatividade. Nesse sentido, as atividades escolares não devem se restringir à sala de aula, pois todos os espaços devem ser integrados de forma planejada. Como a formação humana precisa acontecer o tempo inteiro, a integração da família, por exemplo, é de extrema importância para sustentar o desenvolvimento completo dos alunos. Ela também busca a equidade, visto que reconhece o direito que todos têm de aprender e acessar oportunidades diversificadas a partir de múltiplos espaços, saberes, agentes e linguagens.

O objetivo da educação integral é formar cidadãos críticos, autônomos e conscientes.  Conteúdos, conceitos e processos seguem sendo importantes papéis da escola, mas podem ser ressignificados, pois, na Educação Integral, o foco se amplia para o uso desses aprendizados nas práticas sociais e na resolução de problemas, de modo a construir e desenvolver, com os estudantes, as competências que os permitam conviver, ser, produzir e seguir aprendendo ao longo da vida.

A formação adequada dos professores é fundamental para que a educação integral aconteça plenamente. E eles precisam ter uma dedicação de tempo significativa, já que as equipes precisam acompanhar os estudantes, entender seus desafios, desejos de avanço e reconhecer suas habilidades individuais.

Por tudo isso, as Políticas Públicas precisam prever o investimento em metodologias e práticas de ensino-aprendizagem condizentes com essa visão de educação e, ainda, em inovações também na formação de professores e nas práticas de gestão adotadas pelas equipes e redes de ensino. É preciso que os educadores detenham um amplo conhecimento das múltiplas formas pelas quais as crianças e jovens aprendem e se desenvolvem e, consequentemente, de uma pluralidade de métodos e intervenções que podem ser colocados em prática a partir de suas necessidades, interesses e dos objetivos de aprendizagens e desenvolvimento definidos no currículo.

É preciso que a Política de Educação Integral garanta qualidade com equidade, e, para isso, alguns dispositivos são fundamentais, tais como: 

  • Planejamento da Gestão Educacional, com definição clara de desafios, metas e estratégias; 
  • Alinhamento entre todos os atores envolvidos no sistema, numa convergência de esforços em todos os níveis; 
  • Modelo de gestão estruturado e sustentável que articule, de maneira dialógica, a secretaria e as escolas; 
  • Marcos legais que garantam sustentação a essa política; Articulação intersetorial que garanta complementaridade às estratégias escolares; 
  • Mínimo de 7 horas e máximo de 9 horas diárias de jornada; Definição das aprendizagens esperadas para cada etapa; 
  • Programa de formação de professores com pelo menos 50% desses profissionais, de cada escola, envolvidos; 
  • Processo estruturado de avaliação da política; 
  • Processo estruturado de acompanhamento e tutoria dos professores; 
  • Garantia de tempo de planejamento e trabalho colaborativo em cada escola; 
  • Recursos didáticos de qualidade e disponíveis que apoiem as práticas de referência dos professores; 
  • Infraestrutura escolar adequada: mobiliário flexível, internet, acessibilidade, espaços diferenciados e adequados às faixas etárias (ateliê, biblioteca, espaços de convivência e descanso, quadra e espaços verdes, alimentação e higiene pessoal), recursos digitais disponíveis aos estudantes (especialmente a partir do Fundamental II); 
  • Interação permanente com outros agentes e espaços não escolares como parte da política de educação integral; 
  • Articulação de rede de proteção social aos estudantes, com integração mínima das políticas de Educação, Saúde e Desenvolvimento Social.

A Educação Integral apoia-se na articulação de políticas (cultura, esporte, assistência social, meio ambiente, saúde e outras) e programas. Nessa, a escola é a articuladora das diversas experiências educativas que os alunos podem viver dentro e fora dela, a partir de uma intencionalidade clara que favoreça as aprendizagens importantes para o seu desenvolvimento integral.  Professores e alunos, educadores e educandos perguntam, respondem, debatem e problematizam acerca do comum que os atravessa. Crianças e jovens são sujeitos de direito, atores sociais com expressão e linguagens singulares, não meros objetos da educação.

Um estudo constatou que o benefício social da educação integral é seis vezes maior que o seu custo. A educação integral pode ser a base para uma renovação nas estruturas educacionais do Brasil. E, como a educação é a base central da formação dos cidadãos, o resultado seria o desenvolvimento da própria sociedade.  

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